04/03/2012

Água para Elefantes


Jacob Jankowski tem 90 ou 93 anos – ele não sabe ao certo – e vive em uma casa de repouso. Sua vida não é a mesma desde a morte de sua esposa. Seus filhos sempre o visitam durante os fins de semana. Ele se sente só e inválido diante de tantas enfermeiras e pessoas estranhas que estão ao seu redor. Com a chegada de um circo a cidade, Jacob passa a resgatar memórias de quando era jovem. Porém, ele guarda um segredo do seu passado que nunca revelou a ninguém. Nem mesmo para a sua esposa. Um segredo que marcou sua vida.

Jacob tem vinte e três anos e é um jovem estudante de veterinária. Em seu último dia de faculdade – quando está prestes a fazer as provas finais – recebe a notícia de que seus pais faleceram em um acidente de carro. Como se esse acontecimento não bastasse, ele ainda descobre que todos os bens de seus pais foram confiscados pelo banco devido a dívidas que não foram pagas.


O dinheiro das dívidas foi usado em sua faculdade, para que ele se formasse e exercesse a profissão de veterinário ao lado de seu pai em sua clínica. Percebendo que não há mais esperança, Jacob decide abandonar a faculdade e começar uma nova vida em outro lugar. Durante sua caminhada, ele vê um trem em movimento e – com muito esforço – consegue entrar em um dos vagões. Entretanto, esse não é um trem qualquer. É o trem do Esquadrão Voador do Circo Irmãos Benzini, o Maior Espetáculo da Terra. O que ele não sabia é que esse trem marcaria sua vida para sempre.


Antes de ser jogado para fora do trem em movimento, ele recebe a ajuda de Camel – um homem idoso que tem problemas com bebida – e consegue passar a noite em um vagão. No dia seguinte ele vai conversar com o dono do circo – Tio Al – e diretor eqüestre – August. Apesar de enfrentar dificuldades, após confessar que iria se formar em veterinária, ele consegue um lugar no vagão de Kinko – um palhaço anão que só é chamado de Walter pelos amigos – e passa a trabalhar como veterinário do circo. Ao andar pelo circo, ele conhece Marlena. Uma mulher encantadora e que ama os animais. Mas para a sua infelicidade, ela é casada com August. Em poucos meses Jacob descobre a verdadeira realidade de um circo e em como as aparências podem enganar.


August é paranoico em relação à Marlena – sua mulher – e tem o humor instável. Tio Al vive em função do dinheiro e não se importa com ninguém além de si mesmo. Kinko revela-se uma boa pessoa por trás de sua máscara de insensível. Marlena – apesar de ser a estrela do circo – não é feliz. Os animais recebem alimentos em péssima qualidade e sofrem nas mãos de August. Os trabalhadores não recebem se o circo não lucra e trabalham como escravos. Desaparecimentos de pessoas no trem ocorrem durante o percurso de uma cidade a outra. Jacob está apaixonado por Marlena e Rosie – uma elefanta que é muito inteligente, apesar de se fazer de burra para algumas pessoas. Será que ele seria capaz de viver diante de tanta injustiça e crueldade? Ou o amor falaria mais alto?


“Água para Elefantes” não é só mais um livro sobre circo. As memórias de Jacob são tão detalhadas que você consegue vivenciar tudo que ele passa. Cada personagem tem uma característica forte e marcante no livro. O romance proibido de Jacob e Marlena ganha destaque ao longo da narrativa, mas quem realmente chama atenção é Rosie – a elefanta. Rosie é determinada, sabe distinguir entre o que é bom ou ruim, sofre, ama e – acima de tudo – é fiel. Um animal que se torna humano diante de tantas características. Personagens como Camel e Kinko são provas de que as aparências podem enganar e que as melhores qualidades estão escondidas dentro de nós. Elas só são reveladas quando passamos a conhecer o interior e deixamos de julgar o exterior de uma pessoa. Um livro encantador que traz consigo muitas lições de vida, além de uma história fascinante!

1 comentários:

Parabéns pela resenha. Gostei. Já havia lido algo sobre a autora e essa como ela lida com essa parte dos animais em suas obras. Parece muito bom este livro.

Mateus Noremberg - Livros Preciosos