Em meio à tendência de revitalização de bibliotecas e sua
adequação às novas demandas dos leitores, muitas passaram a adquirir
dispositivos (como Kindle) e livros digitais (e-books).
Na Biblioteca de São Paulo (zona Norte da cidade), por
exemplo, Kindles estão disponíveis para os usuários, mas só podem ser usados
dentro da própria biblioteca.
Nos EUA e em países da Europa e da Oceania, já existem
empresas como a Public Library Online, que prestam serviço a bibliotecas,
disponibilizando acervo digital para os usuários destas.
Com isso, usuários das bibliotecas que adquirem o serviço
podem emprestar livros digitais pela internet, baixando-os para lê-los em seus
próprios dispositivos eletrônicos.
Nesse modelo, o livro só pode ser baixado por um aparelho de
cada vez e, passado o prazo de validade do aluguel, o arquivo se fecha.
Ainda assim, a questão envolve uma polêmica a respeito de
direitos autorais das obras emprestadas online e coloca bibliotecas e editoras
de livros em campos opostos nos EUA.
Em seu relatório mais recente, a Associação de Bibliotecas
da América (ALA, na sigla em inglês) diz que "o crescimento dos e-books
estimulou a demanda, mas as bibliotecas têm acesso limitado a eles por causa de
restrições das editoras".
Limitações
O relatório diz que grandes editoras, como Macmillan, Simon
and Schuster e Hachette, têm se recusado a fornecer livros digitais às
bibliotecas.
A editora Harper Collins, por sua vez, limita a 26 o número
de vezes que um livro digital pode ser emprestado (ou baixado) pela biblioteca
que o adquirir. E a editora Random House aumentou o preço dos e-books vendidos
às bibliotecas, também segundo o relatório.
"Em um momento de duras restrições orçamentárias, aumentos
nos preços impedem na prática o acesso de muitas bibliotecas (ao e-book)",
diz o texto.
As editoras, por sua vez, dizem estar defendendo os direitos
dos autores e argumentam que os limites de acesso levam em conta a vida útil
que um livro em papel teria.
Maureen Sullivan, presidente da ALA, disse à BBC Brasil que
há conversas com as editoras para chegar a um acordo e que algumas bibliotecas
estão testando modelos alternativos.
Um exemplo ocorre no condado de Douglas, no Estado americano
do Colorado, onde as bibliotecas firmaram contrato diretamente com as editoras,
evitando as distribuidoras de livros e passando a ser donas dos arquivos dos
e-books.
Segundo Sullivan, o setor bibliotecário está disposto a
aceitar limites de downloads como os impostos pela Harper Collins, "desde
que o preço seja razoável".
No Brasil, onde o acervo nacional em e-books é menor, ainda
não há portais como a Public Library Online provendo serviço de empréstimo às
bibliotecas nem conversas avançadas entre o setor e as editoras, segundo
Adriana Ferrari, coordenadora da unidade de bibliotecas da Secretaria da
Cultura paulista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo
tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
0 comentários:
Postar um comentário